11 de dezembro de 2012

Prece à Senhora das Águas



Trago em mim todas as coisas do mundo!
Eu sou montanha que abre seus braços aos céus, trazendo a luz do Sol.
Eu sou vale, que se entranha no silêncio da Lua.
Eu sou vento que em mim sopra. A cada instante inspiro-o, até ao mais pequeno átomo do meu corpo.

Eu sou vulcão, corre em mim a força da lava, na erupção da minha vontade.
Eu sou floresta, trago comigo a sabedoria de cada árvore, de cada planta.
Mas também trago comigo o aparente vazio do deserto.
Trago em mim todas as coisas do mundo!




Trago na memória o voo dos pássaros, os olhos de lince, o piar de coruja e toda a força animal do meu instinto.
Em mim correm rios, ribeiros e riachos, veias da Mãe Terra.
Artérias da Senhora das Águas, rios, riachos e ribeiros são os vasos do meu planeta, que alimentam o mundo.
Oxum, são todas as tuas águas, que correm dentro de mim.

Trago em mim todas as coisas do mundo!

Senhora das águas, perdoa-me. Perdoa-me por todas as vezes que plantei em mim pensamentos que não queria colher.
Senhora das águas, perdoa-me. Perdoa-me por todas as vezes que fiquei sem forças para transformar a minha vida, pois não deixei que o meu sangue seguisse o meu coração.
Perdoa-me, Senhora das Águas, por todas as vezes que poluí o meu corpo com lixo que não me pertence.
Senhora das Águas, perdoa-me por todas as vezes que engoli o que sinto, por todas as vezes que tentei travar o rio que corre em mim, ficando à deriva de mim mesma!

Trago em mim todas as coisas do mundo!
Todas existem à minha volta. Todas existem dentro de mim!


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