
O Xamanismo não pertence a nenhum povo ou cultura, é antes uma herança, deixada pelos antepassados de toda a humanidade, cuja origem se perde no tempo, chegando até nós, de geração em geração.
Xamanismo é apenas uma designação actual para se referir a práticas espirituais com cariz naturalista, mas que não se prendem com nenhuma área geográfica ou comunidade em particular. Por este motivo podemos dizer que são herança dos antepassados da humanidade.
O nome Xamanismo (Chamanisme -> Shamanism) foi criado por antropólogos da nossa era, ao referirem-se, em análise académica, a um conjunto de práticas de tribos indígenas.
Vem da palavra Saman (Xamã), que designava o curandeiro/sacerdote da Sibéria (ver aqui). Em contexto académico, rapidamente o termo foi adotado, para facilitar a dissertação sobre práticas análogas existentes em todo o mundo. Assim a palavra acabou por ser popularizada.
Nos primórdios da ligação humana ao mundo espiritual está o Xamanismo. São várias as referências à sua antiguidade, podendo ir até aos 40 mil anos (talvez mais).
Terá sido na observação dos ciclos de morte/renascimento que fez o Homem olhar para dentro e perceber que havia algo mais.
Hoje, nas tribos, sejam elas na Sibéria, nas Américas, na Austrália, na Ásia ou em África há uma filosofia/lógica comum na forma como explicam o mundo. Ainda que a metodologia não seja totalmente igual, a prática xamânica chega até nós com um paralelismo no mínimo curioso... não tem fronteiras, é universal e acontece ao longo de milhares de anos, em comunidades que nunca tiveram contato entre si.

A prática fora do contexto indígena
Tudo opera como fonte de conhecimento e de entendimento de nós próprios. Integramos a nossa natureza animal, reavivando as memórias ancestrais do tempo em que conseguíamos perceber o sussurro da Mãe-Terra, ao ouvido da nossa alma. Reunimos-nos com o universo cósmico, onde aceitamos o Poder de manifestar plenitude, Amor e prosperidade nas nossas vidas. Damos voz ao sagrado que vive em todos nós.
Xamanismo Urbano
Talvez por isso ressoe com tanto carinho nos corações de tantos, a palavra tribo, a palavra Mãe-Terra. Talvez seja por nos termos desligado da nossa natureza animal e dos ciclos de renovação constante que existem dentro e fora de nós.
Talvez seja de nos termos desligado do nosso corpo, das nossas emoções, dando demasiada atenção ao alimento para a mente, que nunca está satisfeita e avidamente procura consolo fora de si.
Talvez seja isso que nos faz sonhar ao olhar para animais selvagens e livres, tão ligados ainda ao útero que lhes deu vida, talvez ressoe como algo que já vivemos e que tão bem conhecemos. Talvez...
2 comentários:
Muito bom, este texto. Tive conhecimento do neo-xamanismo há pouco tempo mas sempre me interessei pelas culturas ancestrais, tendo incluse vivido os primeiros 3 anos e meio da minha vida no meio da floresta africana, a bons quinhentos quilómetros de picada da cidade mais próxima. Tomei consciência que as primeiras melodias que escutei, além do cântico dos pássaros e do rugir do leão ao entardecer, longe na savana, foi o ressoar do batuque, os tambores e cãnticos que periodicamente enchiam a noite de vida misteriosa na aldeia próxima. Desde que ouvi a frase "somos família", passei a sentir-me inteira, verdadeiramente parte da humanidade. Antes, era aquela estranha que fala de batuques, rugidos, magia e encantamentos da natureza...Nunca serei urbana porque as memórias de vivências no seio da natureza são profundas e cada vez mais presentes mas alegro-me e congratulo-me que o novo despertar de consciência traga a humanidade para o centro do Universo, onde pertence. Obrigada irmãs e irmãos por partilharem o vosso saber.
Fernanda Carvalho
Olá Fernanda,
muito grata pelo comentário :-D
É isso mesmo que sinto, "somos família" ressoa tão forte aqui dentro e é tão bom sentir que não sou mais aquela "estranha" que se manda para o monte sozinha... estamos a acordar e é tão bom!
Um grande beijinhos e volte sempre!
Ana
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